terça-feira, 25 de agosto de 2009

Vergonhas do crescimento

(crítica sobre LAURITA no blog do Festival de Curtas)

Laura está na piscina, é assim que o filme começa. A protagonista, que passa por mudanças, está num elemento tão inconstante como a água. Sua visão muda: fora d’água, dentro d’água, fora d’água. Mundos totalmente diferentes.

“Laurita” conta a história do amadurecimento, das dores do crescimento, de uma menina se tornando mulher. O objeto escolhido para representar essa mudança: pelos. O que é mais visível do que essa crucial mudança hormonal para indicar as alterações da protagonista?

Seus pelos são motivo de vergonha, será ela uma aberração de circo? Laura parece desejar fazer o caminho inverso, retornar à infância, a uma “infância careca”, mais simples, menos dolorosa. Comete atitudes infantis nessa busca por um caminho de volta.

O ponto crítico é o furto de um chocolate, o chocolate da pessoa que lhe oferece estadia. Para corrigir a ação da filha, Laura e sua mãe partem numa busca por um chocolate. Chega a ser cômica, quase “quixotesca”, essa luta para encontrar um simples chocolate branco com granola e uvas passas. No entanto, a busca por esse chocolate é quase uma busca pela dignidade, única coisa que lhes resta, por estarem na situação de agregadas.

A dor pela qual Laura passa parece ser infinita, como é a dor de qualquer criança. A infância é uma fase de momentos presentes; dor e alegria são sentimentos intensos, quase insuportáveis.

Mãe e filha têm uma à outra, elas têm ao que se agarrar. Laura aprende que as os erros podem ser contornados e que o mundo não é tão assustador assim quando se tem alguém. Os adultos aprendem a consertar situações, e não tem nada de vergonhoso nisso. (Mariana Serapicos)

“Laurita” está na Mostra Brasil 1

(no site do Kinoforum Crítica Curta 2009)

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