quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Críticas sobre o LAURITA (JANELA CRÍTICA)




Saíram críticas sobre o filme durante a II Janela Internacional de Cinema do Recife e, por indicação de uma amiga, estamos cá postando trechos das críticas, para compartilhar (vocês podem ler as críticas na íntegra no próprio site da Janela Crítica)

Os objetos que as detonam
por George Carvalho

Um chocolate branco, um óculos, uma camisa melada. Não passariam de simples objetos se não personificassem a inadequação ao ambiente onde estão inseridos dos protagonistas de Laurita, O presidente e Nº27 (foto), três dos quatro curtas brasileiros reunidos no programa Sensações de inadequação, da II Janela Internacional de Cinema do Recife.

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Os paulistas Laurita e O presidente exalam sutileza através do universo infantil de seus personagens Laura e Victor, respectivamente. A garota que vive com a mãe na casa de parentes transgride regras estabelecidas implicitamente para sua condição de agregada. Um chocolate branco aparece como o estopim dessa situação, que resulta na saída de Laura e da mãe do lar que não é seu.

Já Victor é uma criança cuja visão perfeitamente sadia impede que ele realize o sonho de ter seus próprios óculos. Entre idas a oculistas e a mania de usar óculos alheios, o menino acaba enxergando mais do que devia, causando um mal-estar na relação entre mãe e filho. Nos dois filmes, destaque para as interpretações convincentes, principalmente dos jovens atores, e para as personagens bem construídas e delineadas.

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Em Sensações de inadequação, a vontade e os esforços nem sempre válidos de querer se descobrir como parte de um todo unem os personagens retratados nos quatro filmes. Situações assim não são raras no dia-a-dia. A diferença pode estar apenas nos objetos que as detonam ou na maneira como ocorre. Logo após, é quase certo que algo mude, embora não se saiba necessariamente o quanto isso é bom ou ruim...

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A DISNEY NÃO É AQUI
por João Roberto Cintra

É peculiar que em uma sessão chamada "Sensações de Inadequação" três histórias sejam sobre crianças - e a última sobre um adolescente. O saudosismo que costumam ter os adultos sobre essa fase fantasia a tensão e a solidão de quem ainda está nela.

Em Laurita, de Roney Freitas, a leve, mas presente, sensualidade de uma menina de 11 anos dá o tom da consciência (ou despertar dessa) do próprio corpo e do mundo. Várias mulheres dialogam ao longo do filme, em um encontro que coloca em evidência o universo feminino pela analogia da disputa pela voz da família naquele espaço reunida: de repente as brincadeiras de infância não acabaram, ou são preparações para as relações de poder da vida adulta.
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Walt Disney fez um bom trabalho minimizando o lado sombrio que existia nos contos de fada em sua origem. Mas nem sempre ele está presente para fazer finais felizes. Às vezes a arte imita a vida.

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